Live at the Rain Forest |
the old days |
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Hora do Rush
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Beto Frega |
Alex |
Júlio |
Paulo |
(Bar "Let It Be" - Copacabana - RJ -1984) |
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Nos bares onde se tocava rock: "Vocês são muito jazzísticos!". "Da nossa parte, apenas queríamos tocar o que gostávamos, do jeito que sabíamos, fosse MY JELLY ROLL SOUL do Charles Mingus ou ON BROADWAY do George Benson, não importava o estilo, porque acábavamos transformando tudo para o nosso jeito, com arranjos próprios. Essa era nossa maior característica. Cada um tinha sua própria personalidade e influência dentro do grupo. Todos davam palpites nos arranjos e nas composições, próprias ou não. Mas não era fácil ser uma banda instrumental, principalmente nos anos 80." |
Live at Rain Forest | |
Tudo isso você pode conferir no CDR lançado pela
Brancaleone
Records em tiragem limitadíssima, com a gravação ao vivo feita por Filipe Cavalieri, de um dos
shows no bar Existe Um Lugar, na Estrada de Furnas, Alto da Boavista - Rio de Janeiro - dentro do
coração da Mata Atlântica. |
Um pouco da história | |
1 |
Podemos começar em 1979, quando na Faculdade de Arquitetura Bennett, no Rio de Janeiro, dois grupos fundiram-se: CIDADE NOVA e FANTASIA. Do primeiro vieram Eduardo Lissovsky (bateria e voz) e Zulu (baixo) e do segundo: Eliane Lavigne (voz), Alex Saba (violão e voz) e Ronaldo Güttler (piano e violão). O resultado foi o ÁGUA FURTADA, que cantava um repertório próprio e sucessos "desconhecidos" da MPB. Pouco depois entrou Beto Frega (piano), também do CN e em seguida saiu Ronaldo, ficando assim estabelecida a formação final. |
2 |
Em 1980, para o Festival de Música da Faculdade Santa Úrsula, eles inscreveram cinco músicas. Duas cantadas, de autoria de Eliane e três instrumentais, compostas por Beto, Alex e Eduardo. Enquanto aguardavam que o amigo, compositor e arranjador Ronnie Lins trouxesse os arranjos para as músicas de Eliane, ensaiaram as instrumentais. Eliane aos poucos afastou-se dos ensaios e desligou-se do grupo, passando a cantar com a banda CONTRATAQUE, integrada dentre outros por Ronnie, Ricardo Calafate, Luizinho Sobral, Luiz Salomé, Feijão. Assim, Beto, Alex, Eduardo e Zulu, resolveram chamar uma "voz" diferente para reforçar o grupo nessa apresentação, o saxofonista João "Dexter" Gomes. Pra encurtar, a apresentação foi um sucesso. O grupo foi chamado ao palco para fazer o show do intervalo, onde mostraram parte do seu repertório jazzístico. Ganharam com as músicas Hora do Rush (primeiro lugar e melhor arranjo) e Martini Sêco (em segundo) |
3 |
Mas como diria Bela Bartok: "Competição é coisa para cavalos!". De nada adiantou tanta premiação. Eles precisavam tocar e foi isso o que fizeram. Infelizmente não podiam contar sempre com a grande figura de João "Dexter" Gomes, mas os quatro foram em frente, até que Eduardo Lissovsky saiu para integrar o quinteto vocal Tinta Fresca. Em seu lugar entrou Reginaldo. Pouco depois foi a vez de Zulu, que saiu para formar com Eduardo o famoso Dr.Sylvana. O HORA DO RUSH deu uma pausa. Ficou "hibernando". |
4 |
Em 1982, Alex procurou Beto e depois de muita conversa e incontáveis chopps no Bar Jangadeiro em Ipanema, resolveram retomar o grupo. Chamaram o amigo Júlio Gamarra, excelente baterista e músico bastante requisitado por nomes como Marcus Resende e Kid Abelha. Depois chamaram Paulo Bergo, para o baixo, que conheram tocando em uma banda de blues e funk. Os quatro consolidaram o Hora Do Rush. |
5 |
Com essa formação o HORA DO RUSH apresentou-se em praticamente todos os bares com música ao vivo do Rio, sendo que jamais se renderam a fazer "música de fundo", tocando com energia, ou seja, volume alto e valendo-se do carisma e do talento inigualável de Júlio. Beto era o maestro, o mais jazzista dos quatro, revezava-se entre o piano elétrico e o sintetizador Pro-One (uma novidade para a época). Alex, talvez o mais "fusion" e co-autor com Beto da maioria das músicas do grupo, usava os mais diversos pedais de efeito no violão Ovation, transformando seu som em uma guitarra se fosse necessário. Paulo era o "funkeiro" (no melhor sentido americano da palavra) e "bluseiro", responsável por fazer as coisas balançarem e as pessoas dançarem. Júlio era o elemento catalizador dessa verdadeira usina. E assim seguiram tocando. |
6 |
Mas como nem tudo são flores. Beto precisou mudar-se para Curitiba em 1984, por problemas familiares (casou!) e não pode sequer gravar as aparições que fizeram na TV. Quando não pôde mesmo dedicar-se ao grupo, entrou em seu lugar Luth Dewet, que fez alguns shows saindo pouco depois. Vieram então Jansen Penna (piano) e Luiz Salomé (bateria) no lugar de Júlio, pois os compromissos com o Kid Abelha, não permitiam mais que tocasse com o grupo. Nunca chegaram a se apresentar com essa formação. Quando Paulo mudou-se para Maceió, Alex achou por bem encerrar as atividades. Não havia sentido em tocar sem a química especial que acontecia entre os quatro. |
7 |
A nota triste veio em 1992, quando Júlio Gamarra
fez sua passagem, cruzou o rio em um acidente de carro
na estrada de Bacaxá no estado do Rio de Janeiro. Acima de tudo perdeu-se, não só
o grande
amigo, mas um grande coração que, não sem motivo, era amado por todos. Seja lá onde ele estiver, tudo o que está
sendo feito é para preservar a memória desse músico fabuloso. |
©
1999-2018 Alex Saba |
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